quarta-feira, 30 de junho de 2010

DIÁLOGOS NO INFERNO ENTRE O CONTRIBUINTE E O ESTADO

Contribuinte – Gostava de comprar um carro.

Estado – Muito bem. Faça o favor de escolher.

Contribuinte – Já escolhi. Tenho que pagar alguma coisa?

Estado – Sim. De acordo com o valor do carro (IVA)

Contribuinte – Ah. Só isso.

Estado – E uma “coisinha” para o pôr a circular (selo)

Contribuinte – Ah!

Estado – E mais uma coisinha, na gasolina necessária para que o carro efectivamente circule (ISP)

Contribuinte – Mas, sem gasolina, eu não circulo.

Estado – Eu sei.

Contribuinte – Mas eu já pago para circular.

Estado – Claro!

Contribuinte – Então, vai cobrar-me pelo valor da gasolina?

Estado – Também. Mas isso é o IVA. O ISP é outra coisa diferente.

Contribuinte - Diferente?

Estado - Muito. O ISP é porque a gasolina existe.

Contribuinte - Porque existe?

Estado - Há muitos milhões de anos, os dinossauros e o carvão fizeram petróleo. E você paga.

Contribuinte – Só isso?

Estado – Só. Mas não julgue que pode deixar o carro assim como quer.

Contribuinte – Como assim?

Estado – Tem que pagar para o estacionar.

Contribuinte – Para o estacionar?

Estado – Exacto.

Contribuinte – Portanto, pago para andar e pago para estar parado?

Estado – Não. Se quiser mesmo andar com o carro precisa de pagar seguro.

Contribuinte – Então, pago para circular, pago para conseguir circular e pago por estar parado?

Estado – Sim. Nós não estamos aqui para enganar ninguém. O carro é novo?

Contribuinte – Novo?

Estado – É que, se não for novo, tem que pagar para vermos se ele está em condições de andar por aí.

Contribuinte – Pago para você ver se pode cobrar?

Estado – Claro. Acha que isso é de borla? Só há mais uma coisinha…

Contribuinte – Mais uma coisinha?

Estado – Para circular em auto-estradas

Contribuinte – Mas eu já pago imposto de circulação.

Estado – Mas esta é uma circulação diferente.

Contribuinte – Diferente?

Estado – Sim. Muito diferente. É só para quem quiser.

Contribuinte – Só mais isso?

Estado – Sim. Só mais isso.

Contribuinte – E acabou?

Estado – Sim. Depois de pagar os 25 euros, acabou.

Contribuinte – Quais 25 euros?

Estado – Os 25 euros que custa pagar para andar nas auto-estradas.

Contribuinte – Mas não disse que as auto-estradas eram só para quem quisesse?

Estado – Sim. Mas todos pagam os 25 euros.

Contribuinte – Quais 25 euros?

Estado – Os 25 euros é quanto custa.

Contribuinte – Custa o quê?

Estado – Pagar.

Contribuinte – Custa pagar?

Estado – Sim. Pagar custa 25 euros.

Contribuinte – Pagar custa 25 euros?

Estado – Sim. Paga 25 euros para pagar.

Contribuinte – Mas eu não vou circular nas auto-estradas.

Estado – Imagine que um dia quer… tem que pagar

Contribuinte – Tenho que pagar para pagar porque um dia posso querer?

Estado – Exactamente. Você paga para pagar o que um dia pode querer.

Contribuinte – E se eu não quiser?

Estado – Paga multa.



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